Carlos Ernesto de Arbués Moreira

Oficial General do Exército, oriundo da Arma de Engenharia. Filho de um outro ilustre Oficial de Engenharia, Francisco Pedro de Arbués Moreira, nasceu em Valença, em 7 de agosto de 1814 e assentou praça como voluntário em 1831. Faleceu em 19 de julho de 1899, em plenas funções como Diretor-Geral dos Trabalhos Geodésicos do Reino, com quase 85 anos de idade e 68 de serviço ativo.
Em 1826 entrou para o Colégio Militar, no entanto, devido a doença não concluiu os seus estudos. Aos 14 anos matriculou-se na Academia Real de Marinha, completando o Curso em 1831, tendo ainda começado a frequentar a Academia de Fortificação, Artilharia e Desenho. Durante a Guerra Civil entre Liberais e Absolutistas, teve de interromper os seus estudos, para ir com o seu pai e irmão, unir-se ao Exército Liberal de D. Pedro IV. Durante o cerco da cidade do Porto, foi responsável pela construção da chamada Bateria do Seminário do Bispo e Reduto do Covelo, logo após a tomada desta importante posição, nos dias 9 e 10 de abril de 1833.
De 1835 a 1837 serviu na Arma de Artilharia, mas depois de completar o último ano do curso da Academia de Fortificação, Artilharia e Desenho, passou para o Real Corpo de Engenheiros. Em 1842 prestou serviço pela primeira vez, na Comissão Geodésica, onde passou vários anos.
Foi promovido a General de Brigada em 1879 e a General de Divisão em 1886, tendo passado à situação de Reforma em 1896. Desempenhou funções importantes no Ministério das Obras Públicas, como sejam as de chefe de uma Secção do Instituto Geográfico e as de chefe da Secção Geodésica da Direcção-Geral dos trabalhos Geodésicos. Em novembro de 1879 foi nomeado Diretor-Geral dos Trabalhos Geodésicos, Topográficos e Hidrográficos do Reino, funções que desempenhou mesmo após a sua passagem à Reserva e Reforma, só findado com o seu falecimento, em 1899. Por vezes existe alguma confusão nas suas notas biográficas e iconográficas devido à existência de um outro Oficial General, oriundo da Arma de Artilharia, seu familiar, um pouco mais novo e que tem exatamente o seu nome: Carlos Ernesto de Arbués Moreira, e que terá também desempenhado funções neste organismo.
Entre outras importantes decisões à frente da Direção-Geral, destaca-se a sua ação no planeamento, encomenda, instalação, aferição e regular funcionamento do Marégrafo de Cascais, importante equipamento na ligação de Portugal à correspondente rede geodésica europeia. É ainda de destacar a sua importante ação na dinamização do organismo, nomeadamente com os trabalhos de campo da sua vertente geodésica, com a medição da Base Central em 1893 (com o novo equipamento alemão Repsold) e as respetivas observações astronómicas em 1894.
Pertencia ao Conselho de Sua Majestade, era Vogal da Comissão de Defesa do Reino e foi agraciado com a Real Ordem de S. Bento de Aviz, nos graus de Cavaleiro, Comendador e Grã-Cruz; com a Real Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, grau de Comendador; com a Ordem do Mérito Militar de Espanha, grau de Grã-Cruz. Foi ainda condecorado com a Medalha de D. Pedro e D. Maria (dita das Campanhas da Liberdade), algarismo 2; Medalha Militar da classe de Valor Militar, grau prata; Medalha Militar da classe de Bons Serviços, grau prata e Medalha Militar da classe de Comportamento Exemplar, grau ouro.